quarta-feira, janeiro 21, 2009

Ainda Ainda Benjamin Button

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Mais um dia, e Benjamin continua a martelar na minha cabeça.
Vou contar uma pequena história que me aconteceu há uns bons 6 anos.
Fui ao festival de Cinema de Avanca (aconselho a todos os que gostam de cinema e querem ter uma pequena experiência), e fiz um filme com um professor (de cinema), mas ele raramente aparecia. Ou seja, fiz o filme praticamente sozinho. Mas, das poucas vezes que ele apareceu, deu-me a maior lição de cinema da minha vida.
A história do meu filme começava com três amigos num campo de basquetebol, sem bola para jogarem. Um deles levantava-se e começava a jogar sem bola, a fingir que driblava. Os outros amigos acompanhavam-no neste fingimento e no final deitam-se no campo cansados, como se tivessem jogado a sério.
Eu propunha isto: a bola tinha ficado presa na tabela e por isso eles não estavam a jogar com ela. E o meu final seria a bola a cair por trás do cesto.
O professor propôs este: a bola caía do céu, sem mais nem menos, e ia ter com eles.
A minha reacção na altura: Que estupidez. Já é ridículo eles jogarem sem bola, quanto mais uma bola cair do céu feito deus?!
No entanto a minha proposta racional e científica, foi sobreposta por esta sobrenatural.

E ainda bem que assim foi. O final, quando a bola cai do céu e aparece inexplicavelmente no campo, foi pura e simplesmente mágico. Não absurdo. E quase me fez verter uma lágrima, porque havia tantas pequenas coisas com esse acontecimento, que se fosse reduzido a uma mera bola presa, rapidamente o teria esquecido.
Ah e tal, a bola tava presa; 
Não. E continuamos sem saber o que aconteceu, como apareceu, porque apareceu, quem foi, o que foi, etc etc etc.
Cinema é aquilo que nos move, nos emociona, nos faz transpor para outra dimensão onde temos oportunidade de fazer acontecer de acordo com a nossa imaginação.
É desse tipo de magia que existe em Benjamin. Ficou algo no ar durante estes dias, trouxe-o de volta para casa. Não o reconheci na altura. Como filme, tem os seus problemas é verdade. Razão para a qual dei 4 em 5. Mas tem cenas tão boas, interpretações tão fortes, cenários fantásticos e uma história tão surreal que é impossível esquecê-lo. E a cada dia que passa, gosto mais dele. 
Não menosprezando, mas um Changeling acaba, fala-se (muito bem) dele e ficamos por aí.

Só um pequeno parêntesis: Os Óscars para mim nunca espelharam os meus gosto pessoais cinematográficos. Longe disso. Os meus filmes favoritos nunca foram nomeados para categorias importantes. Ou qualquer categoria. Mas há que saber os critérios clássicos da Academia, e por isso digo que gostava que [dentro desses critérios] Benjamin ganhasse. E se WALL-E for nomeado ainda melhor, se bem que não tenha hipótese de ganhar.

4 comentários:

Artur Poças disse...

wall-e para guarda-roupa!
para mim o problema com o Benjamin Button é o final.
Apesar de tudo, é uma história de amor e após ambos atingirem a metade não existe grande estímulo.
Um pouco como: a tua bola cai do céu e esse é o momento, ninguém espera por um novo jogo com bola.

peepshow disse...

Existe uma diferença... No file da Bola ninguém quer ver os jovens jogar outra vez... Percebe-se a simpática ideia/intenção. No Benjamin queremos saber como vai o realizador desenrascar-se. Tomar a decisão se de afastar é um acto importante para a caracterização do personagem. Se o filme tem o nome do actor é justo ver-se o nascimento e a morte deste. Para além disso, acho um tanto limitado ver o filme apenas como uma história de amor.
Acabo com uma citação que vem a propósito:
"Na minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente. Começar morto para despachar logo esse assunto. Depois acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar, receber logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma. Divertir-me, embebedar-me e ser de uma forma geral promíscuo, e depois estar pronto para o liceu. Em seguida a primária, fica-se criança e brinca-se. Não temos responsabilidades e ficamos um bébé até nascermos. Por fim, passamos 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois Voilà! Acaba com um orgasmo!"
-- Woody Allen

Artur Poças disse...

Existem muitas diferenças.
No entanto, depois de eles se encontrarem a meio da vida, as imagens passam a correr (com a história de aqui têm como eu resolvi o final do filme) até ele ficar outra vez do tamanho com que nasceu mas sem rugas e com alzheimer.
Não há aqui grande orgasmo!

Artur Poças disse...

Pronto Francisco, como desejavas, o teu Benjamin está na liderança da corrida aos bonequinhos.