domingo, dezembro 09, 2007

O Museu, a Entrada, o Museu e o Café

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O terreno de implantação do Museu revela algumas particularidades que devem ser tidas em conta ao longo do processo.
Numa observação mais afastada do terreno, e visualizando a malha urbana da cidade, é rapidamente visível a existência de um quarteirão bem definido pelos seus limites em toda a trama, com uma única excepção protagonizada pela diagonal que, no terreno proposto, atravessa-o sensivelmente a meio.
Outra questão que deverá ser reflectida é a envolvente do terreno que, apesar da possibilidade de num futuro próximo ter uma outra imagem, no momento presente encontra-se degradada.
Outra condição que poderá ser tomada como pré-existência a manter será a única árvore presente no terreno implantada na diagonal.

Um Museu.
No acto de projectar, várias questões se impuseram de imediato: o que é um museu, para que serve, de que vive um museu, das pessoas?, das peças? das pessoas a verem as peças?, o que faz surgir um museu?
O museu existe como santuário da arte. Por definição, é onde estão reunidas em espaços expositivos colecções de objectos de arte.
O museu tem como função primária essa exposição, esse carácter de mostra pública. Ele existe e vive desses espaços expositivos. Tudo o que vier para além desses espaços será secundário.
Daí que a proposta tenha recorrido à segmentação programática do Museu em três volumes, aparentemente independentes, abrindo no meio e a uní-los ao nível térreo uma sala expositiva urbana e num piso superior corredores aéreos tipo mangas.


O Museu - o limite do quarteirão/a liberdade espacial
A sala urbana surge capaz de expor peças ou até instalações de todos os tamanhos e feitios, desafiando a imaginação de cada artista para esse espaço urbano.
Automaticamente, qualquer transeunte que entre no terreno, e se nesse momento houver uma qualquer exposição exterior, entra no Museu.
A existência de um objecto de arte nas grandes aberturas da sala urbana para a rua, encontra um enquadramento preciso para quem vier de diversos arruamentos e mudança em virtude do museu NÃO ser de exposição permanente, transmite uma imagem de constante, como um quadro vivo virado para a rua.


A Entrada - o percurso na terra/no ar/
Um dos três volumes marca a entrada, ou o Ponto de entrada. Esse Ponto funciona como passagem de nível entre o urbano térreo para o aéreo. Nesse local de passagem encontra-se a loja/livraria, que distanciada do movimento do átrio, estratégicamente aparece como lugar inicial/ final de um percurso pelo interior do Museu.
A passagem para o nível superior faz um corte radical com o exterior pois, ao contrário do nível térreo onde tudo é amplo e livre, no primeiro piso surge-nos um corredor fechado e estreito, onde se poderá apreciar as peças exteriores a um nível mais acima à medida que se percorre para o volume de maiores dimensões. Ao mesmo tempo, ao assumir uma posição central/acima da anterior, o visitante parece ser parte de uma peça exposta a quem circula no exterior. É protagonista num palco suspenso no ar, e a caminho do zénite. É a alma do Museu em constante movimento.

O Museu - /no céu
O volume de maiores dimensões guarda as duas grandes salas de exposição e assume a sua centralidade ao receber o braço/corredor/manga que vem da entrada, como abre mais um para ligar ao terceiro volume.
A primeira sala apresenta-se com um pé-direito altíssimo, como clímax do estreito corredor que a levou até lá, e caracteriza-se pela grande iluminação zenital como se o céu se tornasse presente. A iluminação zenital faz o ponto de transição para a sala 2, que atingido o clímax, procura repousar o visitante com um pé-direito mais baixo.
De qualquer maneira, e fora de um contexto de percurso, as duas salas podem funcionar independentemente pelas suas duas entradas no hall principal de união das mangas.

O Café - a Peça de Exposição permanente
O terceiro volume assume um carácter mais sedentário, podendo funcionar como remate de um percurso que veio desde o exterior.
A sala de conferências (que poderá ter uma configuração de sala-extra de exposição) e café, estão ao nível do acesso feito pela segunda manga.
O café, com o carácter de remate, assenta numa posição estratégica estacionária em relação à praça exterior, aberto para ela numa grande extensão, finalizado pela esplanada directamente ligada à árvore protegida pelo volume como se uma peça permanente de Museu se tratasse - um exemplar da natureza no contexto fortemente urbano em que se insere.
Ligadas a este pátio estão num piso inferior ao nível térreo as salas de workshop/trabalhos de grupo, unidas à sala de informática e sanitários públicos maiores.

Todas as zonas de serviço são concentradas nos limites dos volumes, numa fachada praticamente cega que procura rejeitar a envolvente degradada, ao contrário do programa público que, centrando-se nos limites interiores dos volumes, interage com o exterior numa fachada aberta para o seu próprio interior.


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